Crise dos semicondutores faz montadoras alertarem o governo sobre possível paralisação

23/10/2025 as 6:49 pm

As montadoras instaladas no Brasil alertaram nesta quinta-feira (23) que podem suspender suas atividades nas próximas semanas devido à falta de chips no mercado global. A informação foi divulgada pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que classifica a situação como “crítica” e pediu ao governo federal que adote medidas urgentes para evitar o desabastecimento.

A crise de fornecimento tem origem em uma disputa geopolítica envolvendo China e Holanda. Neste mês de outubro, o governo holandês assumiu o controle da empresa Nexperia, fabricante de semicondutores sediada no país e controlada por um grupo chinês. Em resposta, a China impôs restrições à exportação de chips produzidos em seu território, o que afetou diretamente a distribuição global desses componentes essenciais.

No setor automotivo, os semicondutores são utilizados em diversos sistemas dos veículos, como injeção eletrônica, sensores, freios ABS, airbags e controle de motor. Um carro moderno pode conter entre mil e três mil chips.

A Anfavea comparou a situação atual à crise enfrentada durante a pandemia de Covid-19 e reforçou a gravidade do momento. “Com 1,3 milhão de empregos em jogo em toda a cadeia automotiva, é fundamental que se busque uma solução em um momento já desafiador, marcado por altos juros e desaquecimento da demanda. A urgência é evidente, e a mobilização institucional se faz necessária para evitar um colapso na indústria”, afirmou o presidente da associação, Igor Calvet.

Diante do cenário, as montadoras solicitaram ao governo articulação junto ao Itamaraty, ao Ministério da Indústria e Comércio e à Fazenda para garantir o abastecimento de semicondutores. A entidade também defende medidas estruturantes, como o incentivo à produção nacional de chips e acordos internacionais que reduzam os impactos da crise geopolítica.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços informou que acompanha a situação, mas até o momento não anunciou medidas concretas para lidar com o problema. A possibilidade de paralisação preocupa todo o setor automotivo, que representa cerca de 22% do PIB da indústria brasileira.

Foto: Divulgação/GM

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