Bolsonaro é preso preventivamente pela PF por ordem de Moraes

22/11/2025 as 7:47 am

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente na manhã deste sábado (22), em sua residência no condomínio Solar de Brasília, localizado no Jardim Botânico, na capital federal. A ordem de prisão foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo a um pedido formal da Polícia Federal (PF). A medida ocorre em meio à condenação do ex-mandatário por liderar uma tentativa de golpe de Estado, embora a decisão não represente o início imediato do cumprimento da pena de reclusão.

Em setembro, Bolsonaro foi condenado pela Primeira Turma do STF a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado. A decisão teve como base a acusação de que ele teria comandado uma organização criminosa com o objetivo de abalar a ordem institucional e se manter no poder, em desrespeito ao resultado das eleições. Após a prisão, ele foi levado à Superintendência da Polícia Federal, onde permanecerá detido em uma sala especial destinada a ex-presidentes e autoridades de alta patente.

A defesa do ex-presidente ainda tenta reverter a condenação ou reduzir a pena. Os advogados alegam que a decisão do STF contém omissões e contradições, além de sustentarem que Bolsonaro não teve participação direta nos atos investigados. A defesa também afirma que o ex-presidente teria interrompido por vontade própria qualquer movimentação considerada golpista. No entanto, os embargos de declaração apresentados foram rejeitados de forma unânime pelo colegiado, o que mantém os efeitos da sentença.

No julgamento encerrado em setembro, quatro dos cinco ministros da Primeira Turma votaram pela condenação de Bolsonaro por crimes como organização criminosa, golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e destruição de patrimônio público tombado. O único a divergir foi o ministro Luiz Fux, que, semanas depois, transferiu-se para a Segunda Turma do STF. Desde então, as decisões do colegiado têm sido tomadas por Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, devido à aposentadoria anunciada do ministro Luís Roberto Barroso.

Antes da prisão, Bolsonaro cumpria prisão domiciliar desde 4 de agosto, imposta após descumprimento de medidas cautelares. Durante esse período, participou, por meio de vídeo, de manifestações políticas transmitidas nas redes sociais, contrariando ordens judiciais. Ainda em julho, o ex-presidente passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica, também por determinação do STF, diante de indícios de que estaria atuando junto ao filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para interferir no processo judicial.

As investigações apontaram transferências financeiras entre Jair e Eduardo Bolsonaro, que vive atualmente nos Estados Unidos. A Polícia Federal apura se os dois atuaram para influenciar aliados do ex-presidente norte-americano Donald Trump a pressionarem o STF pelo arquivamento das ações penais. Como consequência, Eduardo Bolsonaro foi denunciado e, no dia 15 deste mês, tornou-se réu por coação no curso do processo, por decisão unânime da Primeira Turma do Supremo.

A prisão deste sábado encerra um ciclo de declarações públicas feitas ao longo dos anos pelo ex-presidente, que em diversas ocasiões negou a possibilidade de ser detido. Em momentos anteriores, Bolsonaro indicou apenas três caminhos possíveis para seu futuro: prisão, morte ou vitória política, sempre excluindo a primeira alternativa. Nos últimos meses, entretanto, passou a admitir a possibilidade de ser preso pela PF, o que se concretizou na manhã de hoje, com a chegada dos agentes federais às 6h20 em sua residência oficial.

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

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