Enfermeiras esconderam prescrição para impedir alteração no prontuário de Benício

11/12/2025 as 5:22 pm

A prescrição médica que autorizava a aplicação de adrenalina na veia do menino Benício Xavier, de 6 anos, foi escondida por profissionais de enfermagem do Hospital Santa Júlia, em Manaus, no dia do atendimento, como forma de preservar o documento original e evitar que ele fosse alterado. O fato ocorreu após a equipe identificar um possível erro na dosagem prescrita pela médica Juliana Brasil Santos.

De acordo com depoimentos prestados à Polícia Civil pela enfermeira Francineide Macedo e pela técnica de enfermagem Tabita Costa, a decisão de esconder a prescrição foi motivada pelo receio de que a médica responsável pela prescrição modificasse o conteúdo do documento após perceber a falha na medicação. A aplicação do medicamento foi realizada de forma intravenosa, e não por nebulização, como recomendam os protocolos em casos pediátricos semelhantes.

As investigações indicam que, após a piora do quadro clínico do paciente, a enfermeira recomendou a transferência imediata para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A prescrição foi inicialmente guardada no bolso de Francineide e, durante o atendimento, transferida para o jaleco de Tabita. O documento permaneceu sob a responsabilidade da técnica até ser devolvido ao enfermeiro Tairo Neves Maciel, supervisor da equipe de técnicos no plantão.

A equipe relatou à Polícia que temia a destruição ou substituição do documento no sistema eletrônico do hospital, o que poderia comprometer a apuração dos fatos. Os depoimentos também revelam que Juliana Brasil posteriormente reconheceu o erro no sistema interno do hospital, mas dividiu a responsabilidade com a equipe de enfermagem.

A Polícia Civil apura indícios de tentativa de adulteração de provas. Profissionais ouvidos afirmaram que a médica teria supostamente tentado acessar o sistema do hospital para editar ou apagar a prescrição original, possivelmente com o objetivo de ocultar o erro na via de administração da medicação.

O caso segue sob investigação e pode resultar em responsabilizações por negligência médica e obstrução da investigação, caso as suspeitas sejam confirmadas.

Foto: Imagens do sistema de segurança do Hospital Santa Júlia

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