Casos de Hepatite A aumentam mais de 50% em 2023, segundo Abramed

16/07/2023 as 9:30 pm

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) divulgou que o número de diagnósticos de hepatite A teve um significativo aumento no Brasil em 2023. Os casos positivos cresceram 56,2% no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2022.

Os dados analisados foram obtidos a partir de informações de 60% dos laboratórios particulares do país. Até o momento, os laboratórios já registraram 1.567 casos positivos de hepatite A em comparação aos 1.003 casos no primeiro semestre do ano anterior.

Aumento de exames e contato com o vírus

O aumento no número de exames realizados contribui parcialmente para esse aumento, com um crescimento de 21% em relação ao ano anterior, totalizando 463 mil testes realizados no primeiro semestre de 2023. No entanto, o aumento nos diagnósticos foi mais de duas vezes superior a esse índice, indicando uma maior disseminação do vírus.

Segundo a hepatologista Liliana Mendes, do Hospital DF Star, em Brasília, esse aumento nos casos pode ser explicado pelo maior contato da população com o vírus, combinado com a falta de vacinação adequada. Com o relaxamento das restrições da pandemia de Covid-19, mais pessoas estão entrando em contato com o patógeno da hepatite A sem estarem devidamente protegidas.

Fatores de transmissão e sintomas

A hepatite A é uma infecção viral que afeta principalmente o fígado. A transmissão ocorre por meio do contato com partículas de fezes contaminadas, sendo que áreas com saneamento básico precário geralmente apresentam um maior número de casos. A contaminação também pode ocorrer durante o sexo anal desprotegido e pelo contato com objetos, alimentos ou água contaminada.

O período de incubação do vírus varia de 15 dias a 2 meses, geralmente com sintomas surgindo após o primeiro mês. Durante esse período, a pessoa pode transmitir a doença sem saber. Os sintomas iniciais são inespecíficos e podem incluir fadiga, febre, dores musculares e problemas gastrointestinais como náuseas e diarreia.

Os sintomas mais graves, como urina escura, pele e olhos amarelados, geralmente aparecem mais tarde e duram no máximo dois meses. A maioria dos pacientes se recupera completamente em seis meses, sendo que o tratamento é focado no alívio dos sintomas.

Riscos e prevenção

Embora a maioria das pessoas se recupere completamente da hepatite A, a doença pode levar a complicações, incluindo a hepatite fulminante, uma condição rara em que o fígado falha rapidamente. Adultos infectados têm maior probabilidade de desenvolver hepatite fulminante, e o transplante de fígado é a única opção de tratamento nesses casos.

A melhor forma de prevenção contra a hepatite A é a vacinação, que é administrada em duas doses para crianças com 15 meses e menores de 5 anos. Além disso, é importante seguir práticas sanitárias adequadas, como lavar as mãos com frequência, limpar e cozinhar os alimentos corretamente, manter a higiene pessoal e usar preservativo durante o sexo anal.

Estabilidade nas demais hepatites

O relatório da Abramed também mostrou estabilidade nos casos das demais hepatites virais. Os diagnósticos de hepatite B tiveram uma queda de 1% no período analisado, enquanto os casos de hepatite C apresentaram um aumento de 2%. Houve um aumento de 15% no número de testes realizados no primeiro semestre de 2023 em comparação ao mesmo período de 2022.

Os dados mais recentes da rede pública de saúde em relação às hepatites indicam que os casos de hepatite A estavam relativamente estáveis desde 2020, porém a última atualização é de dezembro de 2022. A taxa média de positividade nos testes na rede pública é ainda maior do que na rede privada, com 0,9% dos exames apresentando resultados positivos.

Foto: Arquivo/Agência Brasil

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