Candidato à presidência do Equador é assassinado

10/08/2023 as 7:28 am

Fernando Villavicencio, postulante à presidência do Equador, foi brutalmente assassinado com três tiros na cabeça, lançando sombras sobre o cenário político do país. O crime aconteceu na noite de quarta-feira, 9, em Quito, e chocou a nação, a apenas dez dias das eleições.

O atentado ocorreu após um comício na capital equatoriana, por volta das 18h20, e vídeos divulgados nas redes sociais registraram o momento do ataque. Apesar da tragédia, a contagem oficial de feridos ainda é desconhecida, contudo, a equipe de campanha de Villavicencio confirmou pelo menos oito vítimas atingidas pelos disparos.

Quem era

Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador, foi brutalmente assassinado aos 59 anos, deixando a nação em choque. Ele ocupava a segunda posição nas pesquisas mais recentes, com 13,2% das intenções de voto, sendo liderado por Luisa González, com 26,6%. O político, ligado ao partido Movimento Construye, tinha raízes jornalísticas e se destacava como defensor das causas sociais indígenas e dos trabalhadores.

Nascido em Alausí, na província de Chimborazo, Villavicencio era o mais velho de seis irmãos e já atuou como garçom durante a adolescência. Com uma paixão pela literatura e poesia, ele leu profundamente sobre a história de Simón Bolívar, competindo em concursos de oratória.

Sua vida política incluiu a presidência da Comissão de Supervisão da Assembleia entre 2021 e 2023, além de um cargo de deputado na Assembleia Nacional. Nos anos 1990, trabalhou na estatal Petroecuador como comunicador e sindicalista, até ser demitido por ordem do presidente Jamil Mahuad em 1999. Após sua demissão, continuou denunciando delitos ambientais e trabalhistas na empresa.

Villavicencio também destacou-se por denunciar casos de corrupção como jornalista e político, investigando venda de petróleo do Equador para a China e a Tailândia, entre outros. Em sua plataforma como candidato presidencial, propôs um Plano Nacional Antiterrorista para enfrentar narcotráfico, mineração ilegal, corrupção e propina.

Ele também se tornou conhecido por sua crítica à corrupção durante o governo de Rafael Correa (2007-2017), o que levou a uma condenação de 18 meses de prisão por difamação. Na ocasião, buscou refúgio em território indígena no Equador e depois recebeu asilo no Peru.

Repercussão

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil expressou “profunda consternação”, manifestando confiança na identificação e punição dos responsáveis pelo ato. O presidente equatoriano, Guillermo Lasso, assegurou que a lei será aplicada com rigor contra o crime organizado por trás desse ato.

Por outro lado, Rafael Correa, ex-presidente do Equador e alvo das críticas de Villavicencio, lamentou a perda do candidato, enfatizando a gravidade da situação ao descrever o país como um “estado falido”. Correa pediu para que a tragédia não seja instrumentalizada para espalhar mais ódio, salientando que a violência só continuará a destruir a nação.

O presidente eleito do Paraguai, Santigo Peña, prestou solidariedade ao Equador, repudiando o assassinato e afirmando que estão ao lado da nação-irmã em um momento tão difícil. O governo chileno também condenou o crime, expressando condolências à família de Villavicencio e ao povo equatoriano. A Presidência do Chile enfatizou a importância do fortalecimento da convivência democrática e do diálogo como ferramentas para combater a intolerância e a violência.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) instou os demais candidatos presidenciais equatorianos a reforçar suas medidas de segurança e exortou o governo a garantir a integridade dos participantes do processo eleitoral. Para a OEA, a segurança dos candidatos é essencial para manter a confiança no sistema democrático, destacando a necessidade de proteger a integridade e a legitimidade das eleições no país. A morte de Villavicencio ressalta a importância de um ambiente político seguro e oportuno para que o processo democrático possa ocorrer de maneira justa e transparente.

Foto: Reprodução/Internet

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