Você já passou por um momento na vida com a estranha sensação de que está livre? O ser humano se acostuma com praticamente tudo, incluindo situações estressantes e muito desconfortáveis de pressão. Eu vivi assim e não tinha a real dimensão de onde estava me metendo. Eu acreditava, eu me deixei levar por vontade própria. Não fui obrigada a nada, nunca. Me deixei envolver por valores e um sentimento de responsabilidade e pertencimento.
O primeiro sinal óbvio de que as coisas estavam muito erradas foi sentir dor ao saber que eu precisava estar naquele lugar com aquelas pessoas. Depois de algum tempo fisicamente longe e sem convivência, um dia senti o sobressalto. Como um choque percorrendo meu corpo. A mente automática ligou o alerta e os olhos buscavam algo fora do lugar que fosse culpa minha. Algo errado que houvesse feito. Respirei fundo. Eu já não estava ali. A mente consciente lembrou-me: você já não pertence mais àquele momento. É livre. Não há terror, você é autônoma novamente.
Me perguntei: ainda sei lidar com a liberdade? O quanto das minhas asas teriam sido cortadas? Não se preocupe, criança, elas não foram cortadas, apenas renovadas. Ainda existem flashes de ansiedade, sustos aguardando pelo pior, muitas reservas e um toque de carência. Mas também existe a esperança do renovo, em saber que a meritocracia não é apenas um quadro de “missão, visão e valores” pendurado no quarto. Não, meritocracia pode e deve existir a cada dia. Só não esqueça que, nesse sentido, o mérito é compatível com seu esforço, todos os dias. Faz sentido para você se readaptar a realizar livremente? Para mim não fazia, até algumas semanas atrás. Agora percebo o quanto sofri e sequer percebi. Achei que tinha pouco valor quando eu mesma neguei este valor. Tive sorte, acordei a tempo de tudo sair do controle de forma irremediável.
Luciana Medeiros Especialista em gestão estratégica, observadora do comportamento humano e da vida.