A gente morre e não sabe de tudo

25/10/2023 as 7:44 pm

Lembro que fui um aluno mais esforçado do que inteligente. E, sim, tem uma grande diferença. Enquanto uns faziam das provas, que me matavam de ansiedade semanas antes, um passeio no parque. Eu fazia como se estivesse me arrastando hoje por um circuito de treinamento de selva do CIGS.

Matemática, química e física eram mais que matérias, eram carrascos sanguinários. Só lembrava que a média era oito quando as provas eram de uma dessas “vilãs”. Tive professores incríveis nessas matérias. Lembro da professora Sônia, que uma vez, me deu um numa prova que tirei zero – nesse dia não estudei nada -, se é que isso é possível. Deu-me um ponto só para incentivar, segundo ela. Como a dificuldade sempre foi grande, me esforçava para tirar logo notas altas. Nas outras matérias humanas, eu passeava.

Com o passar do tempo percebi que o mundo não é dos mais inteligentes, é dos mais esforçados. E essa regra vale para tudo na vida. Até porque a gente morre e não sabe tudo, e quem só sabe de uma coisa, não sabe de nada. O mundo é dos mais esforçados. Stevie Jobs era um gênio do esforço. O homem sabia insistir. Acabou criando a marca que solitariamente mais fatura no planeta, trilhões de dólares, e de maçãs mordidas que fazem parte da vida de muita gente.

Os exemplos são vastos de homens e mulheres esforçados fazendo a diferença.

Não sei vocês, mas as lembranças que tenho da minha vida adolescente, são nada muito claras e nem muito opacas. São uma mistura de flashes e de pequenos dropes de acontecimentos, rostos, eventos, coisas boas e não tão boas assim que, de vez em quando, me dão a certeza de que a vida não é curta.

Não, definitivamente, não é.

Estou falando tudo isso, de maneira aparentemente desordenada, testando meu fluxo de consciência, e acentuando uma coisa que muita gente, velha e nova, ainda não aprendeu: a gente morre no final. Eu trabalho com políticos e com empresários. E o tempo mostrou que você precisa ser esforçado, nessa área, e acredito, de novo, que o mesmo acontece em todas as áreas da vida: ganha quem se esforça mais e por mais tempo.

Fico vendo muitos caras e coroas que podem até estar na crista da onda, mas o orgulho e a falta de percepção do todo e de saber que morremos sem aprender tudo, acelera a eminente queda. E como caem, mergulham fundo em suas tolices e como continuam caindo.

A impressão que tenho é que já vivi séculos nesses 52 anos. Não sei quanto tempo eu ainda tenho. Só sei que sigo mais calmo e que não sou mais desesperado por visibilidade, nem reconhecimento. Quero fazer o melhor trabalho que eu puder, com o zelo de um jardineiro de Lisianthus e entregar resultado se for a vontade de Deus.

Meu objetivo é ser um homem melhor, cuidar da minha família, meu ministério máximo e honrar o meu Deus antes de qualquer coisa. E se algo, alguém ou alguma coisa seguir no fluxo contrário a esse modesto objetivo de vida, eu irei sempre preferir viver na calmaria diligente.

Renato Bagre é cristão, casado, Consultor Político e Empresarial. Pai da Açucena e do Benjamim.

Foto: Freepick

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