No turbulento cenário inglês do século XVII, com o declínio da Monarquia e a ascensão dos Puritanos ao poder, surgiram ideias revolucionárias que desafiaram o antigo regime absolutista. Foi nesse contexto que Thomas Hobbes escreveu sua obra magistral, “O Leviatã,” em 1651, uma peça fundamental da filosofia política que ressoa até os dias de hoje.
Hobbes, um pensador visionário, mergulhou profundamente na natureza humana, lançando luz sobre o que ele chamou de “guerra de todos contra todos.” Em um mundo movido por necessidades e paixões individuais, o homem natural, na visão de Hobbes, tende ao conflito e à guerra. Para evitar o caos social, ele propôs o conceito de contrato social, onde os indivíduos abrem mão de parte de sua liberdade em troca da proteção e do governo do Estado, personificado pelo Leviatã.
O Leviatã, esse monstro marinho das escrituras, representa o Estado forte, soberano e centralizador, com o poder de criar leis, julgar, punir, cobrar impostos e manter a ordem. É o medo da repreensão do Leviatã que induz o homem a cumprir o contrato social e a obedecer às leis estabelecidas.
Hobbes embasou seu raciocínio em estudos da filosofia grega antiga e no mecanicismo, explicando a volúpia humana de satisfazer suas necessidades. No entanto, sua filosofia não passou incólume às críticas. Muitos viram nela uma defesa do absolutismo tirânico, um retorno aos tempos que a Inglaterra estava tentando superar. Hobbes ficou marcado como o filósofo do medo, e sua famosa frase, “Minha mãe pariu gêmeos: eu e o medo,” ecoa através das eras.
É importante destacar que “O Leviatã” é uma obra complexa e multifacetada, com camadas de interpretação. Ela não se limita apenas à visão de um Estado opressor, mas também abrange questões fundamentais sobre a natureza humana, o contrato social e a autoridade política.
O impacto de Hobbes na filosofia política é indiscutível, e suas ideias serviram de base para pensadores posteriores, incluindo Jean-Jacques Rousseau, que desenvolveu o conceito de contrato social de forma diferente. Além disso, o naturalismo na literatura também foi influenciado por suas ideias, com autores explorando o conflito e a condição humana de maneiras profundas e provocativas.
Portanto, “O Leviatã” de Hobbes permanece uma obra fundamental, enraizada na história e relevante nos debates contemporâneos sobre política e sociedade. Convido vocês a explorar mais profundamente as ideias de Hobbes e a refletir sobre como elas moldaram nossa compreensão do governo, do poder e da natureza humana. Não percam minha coluna no próxima domingo, onde continuaremos a explorar os mistérios da cultura e do pensamento humano. Até lá!
Paulo Albuquerque – Formado em Tecnologia Florestal, instrutor de informática e conectado em Literatura, Sci-Fi e Cultura Pop.
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