POLÍTICA

Aldo Rebelo é ameaçado de prisão por Moraes durante depoimento no STF

REDAÇÃO

24/05/2025 as 9:11 am

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ameaçou prender por desacato o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo durante audiência realizada nesta sexta-feira (23). O episódio ocorreu no âmbito da ação penal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022 e teve início após um embate verbal entre Moraes e Rebelo, convocado como testemunha de defesa do almirante Almir Garnier Santos.

A audiência foi marcada por momentos de tensão. Rebelo, ao ser questionado sobre a declaração atribuída a Garnier — de que este estaria “à disposição” do então presidente Jair Bolsonaro em meio às discussões sobre um possível golpe — argumentou que a frase não deveria ser interpretada de forma literal. “É preciso levar em conta que, na língua portuguesa, usamos a força da expressão. A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente. Quando alguém diz estou frito não quer dizer que está numa frigideira”, afirmou.

O ministro Alexandre de Moraes, então, interrompeu e perguntou se Rebelo havia presenciado a reunião em que a frase foi dita. Ao receber uma resposta negativa, repreendeu: “Então, o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos”.

A discussão prosseguiu com Rebelo defendendo seu ponto de vista. “A minha apreciação da língua portuguesa é minha e não admito censura”, respondeu. Foi neste momento que Moraes ameaçou: “Se o senhor não se comportar, o senhor vai ser preso por desacato”.

Aldo Rebelo foi convocado para depor pela defesa de Almir Garnier, acusado de ter sugerido apoio da Marinha a um eventual golpe. Segundo a investigação conduzida pela Polícia Federal, Garnier teria indicado disposição em mobilizar forças militares em favor de Bolsonaro.

Outros momentos de atrito também marcaram a audiência. O advogado de defesa, Demóstenes Torres, questionou Rebelo sobre a capacidade da Marinha de realizar um golpe de Estado. Moraes reagiu novamente. “Aldo Rebelo é um historiador, é uma pessoa inteligente. Ele sabe que em 64 não foi ouvida toda a cadeia de comando para se dar o golpe militar. Não podemos fazer conjecturas fora da realidade. Não pode perguntar algo que ele não tem conhecimento técnico. Ele é um civil, que foi ministro da Defesa, mas é um civil”, afirmou o ministro.

Em outro trecho da audiência, o procurador Paulo Gonet perguntou se Rebelo acreditava que, sem apoio do Exército, a Marinha teria condições de promover uma ruptura institucional. A defesa de Garnier contestou, alegando se tratar de uma pergunta opinativa. A discussão foi seguida por um comentário inadvertido do procurador, captado por microfone aberto: “Fiz uma cagada”.

Em sua resposta, Rebelo afirmou que o almirante não teria condições de agir isoladamente, sem a capilaridade do Exército.

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

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