Casos de câncer em pessoas de até 50 anos crescem 284% no Brasil

12/10/2025 as 7:17 pm

O número de diagnósticos de câncer em adultos de 18 a 50 anos cresceu 284% no Brasil entre 2013 e 2024, segundo dados do Painel Oncologia BR, do DataSUS. O levantamento mostra que, em pouco mais de uma década, os registros na rede pública passaram de 45.506 para 174.938 casos. O avanço expressivo, identificado em todo o território nacional, acende o alerta de especialistas para uma tendência crescente: a antecipação do câncer para faixas etárias cada vez mais jovens.

O crescimento, registrado dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), ocorre em um cenário em que 75% da população brasileira depende exclusivamente da rede pública para acesso a exames e tratamentos. Apesar disso, o número real de casos pode ser ainda maior, já que os dados da saúde suplementar não são plenamente contabilizados. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) não consegue medir a incidência da doença na rede privada desde 2010, quando uma decisão judicial proibiu o uso da Classificação Internacional de Doenças (CID) nas bases de dados das operadoras. O Ministério da Saúde, por sua vez, trabalha com estimativas trienais e não possui números consolidados que abranjam todo o sistema de saúde brasileiro.

Entre os tumores mais frequentes nessa faixa etária, o câncer de mama lidera os diagnósticos. Foram mais de 219 mil casos registrados entre 2013 e 2024, com um crescimento de 45% apenas nesse período. A doença, mais comum entre mulheres, já responde por mais de 22 mil novos casos anuais no SUS. Em seguida, aparecem os cânceres de colo do útero (105.269 casos), colorretal (45.706), estômago (38.574) e fígado (26.080), todos com aumento relevante de registros. Especialistas destacam que o crescimento do câncer colorretal, por exemplo, está diretamente associado ao estilo de vida e à alimentação, enquanto os tumores de fígado têm relação com o consumo de álcool, hepatites e obesidade.

No caso do câncer colorretal, os diagnósticos mais do que dobraram em pouco mais de uma década: passaram de 1.947 casos em 2013 para 5.064 em 2024, um aumento de 160%. A tendência preocupa médicos e autoridades de saúde, que reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas à prevenção e ao rastreamento precoce, inclusive antes dos 50 anos, idade tradicionalmente associada ao início da vigilância oncológica. A evolução dos dados revela que, ao longo dos anos, os registros no SUS cresceram de forma constante: foram 49.024 casos em 2016, 155.655 em 2019, 174.565 em 2022 e 174.938 em 2024, consolidando uma mudança no perfil epidemiológico da oncologia no Brasil.

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