Observa-se uma tendência crescente e alarmante por parte de governos, especialmente aqueles com viés de esquerda, de propor e implementar mecanismos de controle e censura nas redes sociais. Sob o argumento de combater a desinformação ou regular o ambiente digital, testemunhamos o avanço sobre a liberdade de expressão, um dos pilares fundamentais de qualquer sociedade democrática.
Para ilustrar essa preocupação, recorro às ideias de Margaret Thatcher. A “Dama de Ferro”, mesmo em um contexto tecnológico completamente distinto, sempre defendeu com firmeza a liberdade individual e a circulação irrestrita de informações. Para ela, qualquer tentativa de suprimir vozes ou controlar o fluxo de ideias configurava uma ameaça direta à democracia e ao progresso. Embora nunca tenha se manifestado sobre redes sociais, sua filosofia política serve como um alerta claro contra o autoritarismo digital que hoje se insinua. Thatcher, certamente, veria com inquietação os esforços de silenciar a população, independentemente do meio. Em sua visão, o debate aberto, ainda que turbulento, era essencial para a saúde de uma nação.
A censura não é uma abstração teórica, mas uma realidade concreta em diversas partes do mundo. Um exemplo recente e marcante vem da China. No último 4 de junho, o governo chinês, de forma ostensiva e brutal, proibiu qualquer menção ao massacre da Praça da Paz Celestial. Cidadãos foram impedidos de sequer tocar no assunto, e o episódio foi apagado da memória coletiva pela força do Estado. Esse caso é um lembrete sombrio do que acontece quando o governo detém poder irrestrito para controlar narrativas e silenciar vozes dissidentes. A informação não é apenas poder, é também a base da justiça, da memória e da accountability. Este último conceito vai além da obrigação de cumprir tarefas, pois trata da responsabilidade com a verdade e a transparência.
A experiência chinesa não é um caso isolado, mas um espelho distorcido do caminho que muitos governos podem seguir ao assumir para si a prerrogativa de decidir o que pode ou não ser dito. Propostas que se apresentam como “combate à desinformação” devem ser analisadas com extrema cautela. Com frequência, funcionam como porta de entrada para a supressão de opiniões divergentes e para a restrição do debate público legítimo.
É fundamental que a sociedade civil e cada cidadão estejam atentos aos riscos iminentes que a censura digital representa. Não podemos aceitar que o medo da desinformação seja instrumentalizado para sufocar a liberdade de expressão. Pelo contrário, quanto mais ampla for a circulação de ideias, quanto mais vozes forem ouvidas, e quanto mais transparente for o debate, mais forte será a democracia e mais saudável o rumo do país.
É hora de erguer a voz em defesa da internet livre e da liberdade de expressão, antes que o silêncio se torne a única opção. Até a próxima semana.
Diogo Augusto , o turco, marido, pai, empreendedor, colecionador, pensador, curioso.
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