A COP30 em Belém do Pará

09/11/2025 as 10:10 am

Papa Francisco, de saudosa memória, numa encíclica chamada ‘Laudato si’, escrita em 24 de maio de 2015, nos alertava sobre a necessidade de uma transformação estrutural do nosso modo de vida, no que diz respeito à relação com a natureza. Ele chama o mundo de ‘casa comum’ e nos convida a construir uma ecologia integral, lembrando que falar de natureza quer dizer falar também das pessoas que abitam esse nosso mundo. Discutir de crise ambiental não basta, precisamos falar de crise social: a crise é socioambiental. A natureza sofre por causa do tratamento predatório da exploração mineral e o ser humano sofre com ela. É lícito explorar as riquezas minerais que o planeta nos oferece. É imoral, porém, fazer isso de forma irresponsável visando o lucro em primeiro lugar.

Pela primeira vez na Amazonia, na vizinha cidade de Belém do Pará, acontece uma Conferência Internacional promovida pela ONU para discutir as questões ambientais e as ações no enfrentamento da crise climática global. Lideres da maioria das Nações discutirão nessa semana sobre a necessidade da transição para energias renováveis, menos agressivas às populações e ao meio ambiente. Estabelecerão mecanismos financeiros para ajudar países do mundo inteiro no esforço de preservar a natureza. A COP30 em Belém tem uma relevância estratégica no cenário global. De fato, a Amazonia exerce uma influencia vital para o equilíbrio climático da terra. Proteger a Amazonia (florestas e moradores) é proteger o mundo.

A Igreja tem um papel fundamental neste debate sobre a preservação ambiental. Ela se faz voz dos povos originários que estão presentes nas áreas mais cobiçadas do planeta. Está ao lado deles cobrando das autoridades a demarcação das próprias terras e a visibilização da cultura deles. Os povos indígenas são conscientemente ignorados quando a cobiça pelas riquezas minerais se torna desenfreada. O desmatamento está colocando em perigo um ecossistema tão necessário no equilíbrio do clima do inteiro planeta. Por isso a Igreja reclama por uma floresta em pé, que é mais necessária do que o lucro obtido pelo corte de árvores em vista da comercialização da madeira ou da criação de pastos para bovinos e para o agronegócio.

Afinal, todos os batizados são Igreja. Por isso somos convidados a fazer nossa parte no esforço em preservar nossa casa comum. Comece a fazer isso separando o material lá em casa: plástico, papel, latinhas e o leve no lugar de coleta. A maioria dos supermercados oferece espaço para isso. Não use mais material descartável, pois é o que mais polui a natureza.

Padre Daniel Curnis – Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, em Manaus

Foto: gettyimages

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