Por 19 a 11, CPMI do INSS rejeita convocação de irmão de Lula ligado a sindicato investigado

16/10/2025 as 7:53 pm

A base aliada do governo federal rejeitou, nesta quinta-feira (16), em Brasília, o pedido de convocação de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. A decisão foi tomada por 19 votos contrários e 11 favoráveis à oitiva.

A convocação de Frei Chico foi solicitada em 11 requerimentos apresentados por membros da comissão, incluindo o relator, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL). A justificativa era ouvir o dirigente sobre a atuação do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindinapi), entidade investigada pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto, que apura a cobrança indevida de mensalidades de aposentados.

Embora seja vice-presidente do Sindinapi, Frei Chico não é investigado formalmente. Sua convocação vinha sendo evitada desde o início dos trabalhos da CPMI, com base em um acordo informal entre os membros, que restringia os depoimentos às lideranças sindicais de primeiro escalão, salvo surgimento de novos fatos.

Segundo Alfredo Gaspar, a convocação é necessária “para detalhar como o sindicato conseguiu tamanho incremento e se havia controle sobre os convênios firmados”. Ele também defendeu a prisão preventiva do presidente do sindicato, Milton Baptista de Souza, o Milton Cavalo.

“O que importa é que os dados provados pela CGU e pela investigação CPMI permitiram saber que o sindicato meteu a mão com força no dinheiro do aposentado, do pensionista”, afirmou o relator durante a sessão.

Gaspar já havia prometido o pedido de prisão uma semana antes, durante o depoimento de Milton Cavalo, que permaneceu em silêncio diante da maioria das perguntas. Na ocasião, o relator disse que poderia usar o silêncio do depoente como argumento para convocar Frei Chico, o que gerou protestos de parlamentares governistas.

Durante a oitiva, Cavalo se manifestou apenas uma vez, ao ser questionado pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ex-ministro da Secretaria de Comunicação do governo Lula, sobre a participação de Frei Chico nas decisões do sindicato:

“Contrariando o meu advogado, quero dizer que ele nunca teve esse papel administrativo no sindicato. Só político, de representação sindical. Nada mais do que isso”, respondeu o dirigente.

As investigações da CPMI e da Controladoria-Geral da União (CGU) apontam que o Sindinapi teve um aumento de 563,9% no faturamento entre 2020 e 2024, alcançando a receita de R$ 154,7 milhões. Parte dos recursos teria sido destinada à empresa Gestora Eficiente, ligada a familiares de dirigentes sindicais, que recebeu R$ 4,1 milhões em comissões por processar adesões de novos filiados.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

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