Cristãos são presos no Irã por orar, celebrar o Natal e ler a Bíblia

10/12/2025 as 8:31 am

Três cristãos foram convocados à 15ª Vara do Tribunal Revolucionário de Teerã, capital do Irã, em outubro deste ano, acusados de se reunirem para praticar atos de fé cristã como orações, batismos, celebrações natalinas e leitura da Bíblia. Segundo matéria publicada pelo site Portas Abertas, Nasser Navard Gol-Tapeh, Aida Najaflou e Joseph Shahbazian foram detidos sob acusações de “reunião e conluio” e de “propaganda contra a República Islâmica do Irã”, conforme informações do site Portas Abertas.

Os três cristãos, de origens muçulmana e armênia, foram presos por atividades religiosas consideradas comuns em diversos países, mas que, no Irã, podem resultar em penas severas. Conforme a reportagem, o governo iraniano classificou a posse de Bíblias como prática de “atividade proibida”, e destacou que atos como a ceia do Senhor e o Natal são enquadrados como ameaças à ordem islâmica do país. O Irã figura entre os dez países que mais perseguem cristãos no mundo, de acordo com a Lista Mundial da Perseguição 2025 da organização Portas Abertas.

Aida Najaflou, presa desde janeiro, responde ainda por duas acusações adicionais: “atividade de propaganda contra a República Islâmica do Irã no espaço cibernético” e “propaganda a favor de grupos ou organizações contrários à República Islâmica do Irã”. A promotoria sustenta que Aida manifestou apoio ao movimento “Mulher, Vida, Liberdade” nas redes sociais e publicou críticas ao ex-líder do Hezbollah, o que teria agravado sua situação judicial.

Segundo a publicação, Joseph Shahbazian e Nasser Navard Gol-Tapeh já haviam sido presos anteriormente por razões semelhantes. Libertados em 2023 e 2022, respectivamente, ambos foram considerados “perdoados”, mas voltaram a ser detidos em fevereiro deste ano por retornarem às práticas cristãs. Os dois estão presos na penitenciária de Evin, conhecida por abrigar presos políticos e religiosos.

A denúncia também alcança outras duas mulheres: Lida, esposa de Joseph, e uma amiga cuja identidade não foi revelada. Ambas estão em liberdade provisória mediante pagamento de fiança, aguardando o andamento do processo.

Mansour Borji, da organização Article 18, que atua em defesa da liberdade religiosa no Oriente Médio, declarou que o caso “demonstra claramente como o Serviço de Inteligência busca apresentar novas acusações contra indivíduos que foram libertos contra a vontade do grupo especial tático”.

Foto: Unplash

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