Brasil se torna base de operações para espiões russos, revela investigação do New York Times

21/05/2025 as 10:21 am

O Brasil foi utilizado como ponto estratégico para a criação de identidades falsas por espiões russos, segundo revelou nesta quarta-feira (21), uma reportagem do jornal norte-americano The New York Times. A investigação aponta que, nos últimos três anos, agentes da inteligência russa usaram o território brasileiro como base para forjar cidadanias fictícias, com o objetivo de infiltrar operativos na Europa, nos Estados Unidos e no Oriente Médio.

A chamada Operação Leste foi conduzida discretamente pela Polícia Federal (PF), que identificou ao menos nove agentes russos com documentação brasileira legítima, porém obtida de forma fraudulenta. De acordo com o jornal, os agentes não tinham o Brasil como alvo direto, mas aproveitavam a facilidade na emissão de documentos para criar coberturas críveis, permitindo que circulassem sem levantar suspeitas em países considerados estratégicos para Moscou.

O caso veio à público após uma investigação internacional que envolveu, além da PF, serviços de inteligência de pelo menos oito nações, entre elas Estados Unidos, Israel, Holanda e Uruguai. O objetivo foi conter uma série de ações atribuídas à espionagem russa, intensificadas nos últimos anos.

Segundo o NYT, a iniciativa brasileira foi uma resposta direta às operações clandestinas realizadas por Moscou na última década — como a derrubada de um avião que partiu de Amsterdã, em 2014, e a interferência em processos eleitorais em países ocidentais. A reportagem ressalta ainda que a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022, representou um ponto de virada para a reação coordenada de diversos países contra a atividade de espiões russos.

O jornal afirma ter examinado centenas de documentos sigilosos e entrevistado dezenas de autoridades policiais e de inteligência em três continentes. Ainda segundo a publicação, seis dos espiões com passaportes brasileiros eram, até então, desconhecidos até mesmo pelos serviços secretos internacionais.

A Polícia Federal não se pronunciou oficialmente. O governo brasileiro também não divulgou nota até o momento.

Foto: iStock

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