EUA rompem acordo antidrogas com a Colômbia e acusam Venezuela de narcoterrorismo

16/09/2025 as 6:47 pm

Os Estados Unidos anunciaram, nesta terça-feira (16), o fim de sua parceria antidrogas com a Colômbia, encerrando um acordo que, por décadas, garantiu ao país sul-americano milhões de dólares em ajuda anual. A decisão foi motivada pelas críticas à condução da política de combate ao narcotráfico pelo presidente colombiano Gustavo Petro, de esquerda, e marca uma mudança significativa na relação entre Washington e Bogotá.

De acordo com o relatório da ONU, a Colômbia registrou, em 2023, um recorde na produção de cocaína, com 2.600 toneladas, um aumento de 53% em relação ao ano anterior. A gestão de Donald Trump responsabiliza diretamente Petro pelo crescimento da produção e pelo insucesso nas tentativas de negociação com grupos armados ligados ao tráfico. Em documento enviado ao Congresso dos EUA, a Casa Branca afirma que “a produção de coca e de cocaína atingiu níveis recordes sob o governo de Gustavo Petro” e que as iniciativas de diálogo com grupos narco-terroristas “só agravaram a crise”.

Durante visita a Israel, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, também criticou o mandatário colombiano, afirmando que ele “não tem sido um bom parceiro no combate aos cartéis de drogas”. Apesar das críticas, o governo norte-americano sinalizou que poderá reavaliar a decisão caso a Colômbia adote medidas mais duras para erradicar o cultivo da coca e reduzir o tráfico.

Desde 1986, os EUA avaliam anualmente as políticas antidrogas de cerca de 20 países produtores e distribuidores de substâncias ilícitas. A Colômbia, maior produtora mundial de cocaína, recebia até US$ 380 milhões por ano como parte desse programa. A exclusão do país da lista de parceiros representa o rompimento de uma aliança histórica e aprofunda o desgaste diplomático entre os dois governos, que se intensificou após a deportação de migrantes colombianos pelos EUA, no início do ano.

Paralelamente, os Estados Unidos ampliaram sua ofensiva contra a Venezuela. Na segunda-feira (15), o presidente Donald Trump anunciou que o Exército norte-americano atacou uma embarcação usada por “narco-terroristas” venezuelanos para o transporte de drogas com destino ao território norte-americano. Em resposta, o governo de Nicolás Maduro acusou Washington de preparar uma “agressão de caráter militar” contra a Venezuela.

A acusação ocorre em meio a uma série de operações militares norte-americanas no Caribe, justificadas como ações de combate ao tráfico de drogas. Segundo Trump, uma ofensiva realizada em 2 de setembro teria resultado na morte de 11 pessoas, número não confirmado por fontes independentes. Caracas, por sua vez, rejeita as acusações de narcotráfico e classifica a postura dos EUA como “falsa” e de cunho “político”.

A crise diplomática entre EUA e Colômbia ocorre em um momento de instabilidade interna no país sul-americano, que enfrenta a pior situação de segurança em uma década. Grupos armados financiados pelo tráfico de drogas intensificaram suas ações, e as tentativas de Petro de retomar negociações de paz com essas facções, seis anos após o acordo com as FARC, têm fracassado ou estão paralisadas.

Foto: The White House/Andrea Hanks

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