Pe. Daniel Curnis

O Pentecostes

REDAÇÃO

08/06/2025 as 9:20 am

HÁ FUTURO PARA O CRISTIANISMO?

Esta pergunta deve ter surgido também nos discípulos, fechados na sala do cenáculo, com o medo de ser presos pelas autoridades religiosas e com o risco de passar pelo mesmo calvário de Jesus. Mas, naquele mesmo lugar, aconteceu a efusão do Espírito Santo que mudou radicalmente a atitude e as perspectivas daquela pequena comunidade.

A palavra grega que define, pela boca de Jesus, o Espírito é “Parácletos” que quer dizer aquele que fica perto, que é chamado para ajudar, o advogado. Sem essa ação do Espírito o cristianismo se reduziria a uma doutrina ou a uma ideologia. Mas a presença do Espírito, nosso Mestre interior, nos garante que o cristianismo é uma pessoa, a pessoa de Cristo, uma presença viva.

Naquela manhã de Pentecostes (Atos 2,1-3) a igreja começou falar uma língua que todos entendiam. Era a linguagem da justiça, do perdão, da esperança, da confiança na vida. Sabendo que essa é a ação do Espírito, tentamos responder à pergunta inicial “há futuro para o cristianismo?”. Temos que concordar que não tem futuro para um cristianismo que nega a liberdade, a fé ardente, a fraternidade. Um cristianismo fechado nas regras a cumprir, feito de proibições. Com um Deus que não sorri e não ama a vida. Não há futuro para um cristianismo que pratica racismo religioso e coloca de um lado os filhos legítimos e de outro lado os filhos bastardos de Deus. Aqueles da salvação fácil e aqueles da salvação difícil. Não, não há futuro para um cristianismo desse tipo.

Mas. Pela ação do Espírito, existe outro cristianismo, aquele verdadeiro, representado por cristãos que sabem conjugar amor para Deus com amor para a vida, firmeza e doçura, fidelidade e espontaneidade. Por sorte, ainda tem cristãos capazes de viver a própria fé com humildade e alegria, se sentindo em comunhão com todos, também com aqueles de diferente fé política ou religiosa.

São esses cristãos que garantem que o cristianismo tem na sua frente ainda um longo caminho a percorrer.

Padre Daniel Curnis – Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, em Manaus

Foto: iStock

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