Governo Lula mantém por cinco anos o sigilo de documentos sobre a JBS nos EUA

24/10/2025 as 10:29 am

O governo federal impôs, na última sexta-feira (24), sigilo de cinco anos sobre dois telegramas diplomáticos que tratam das atividades dos empresários Joesley e Wesley Batista e das operações da JBS nos Estados Unidos. A decisão foi tomada durante as negociações em curso sobre as tarifas comerciais impostas pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump e foi formalizada em comunicações entre o Itamaraty e a embaixada do Brasil em Washington.

A informação foi divulgada pelo jornal O Globo, que solicitou, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), o conteúdo integral das mensagens trocadas entre o Ministério das Relações Exteriores e sua representação diplomática nos EUA desde 1º de julho. O pedido foi parcialmente atendido: de três comunicações identificadas com menções à JBS ou aos irmãos Batista, apenas uma foi liberada.

O único documento disponibilizado é um telegrama de 26 de agosto, assinado pela embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti, que analisa “os efeitos das tarifas sobre os preços da carne bovina nos Estados Unidos”. Os outros dois telegramas, datados de 14 e 31 de julho, permanecem classificados como “reservados”, segundo o Termo de Classificação da Informação, que indica apenas temas genéricos: investimentos de empresas brasileiras nos EUA e discussões parlamentares bilaterais sobre relações econômicas.

A justificativa para o sigilo está fundamentada em artigo da própria LAI, que permite a restrição de acesso a documentos quando a divulgação “puder causar danos às negociações ou às relações internacionais do país” ou envolver “informações sigilosas fornecidas por outros países ou por organismos internacionais”.

O responsável pela classificação dos documentos foi o ministro-conselheiro Kassius Diniz da Silva Pontes. O Itamaraty já utilizou argumento semelhante para restringir telegramas relacionados aos interesses da JBS na Venezuela e em outros episódios que envolvem negociações comerciais sensíveis.

O caso ganha ainda mais relevância após a revelação de que a Pilgrim’s Pride, subsidiária da JBS com sede no Colorado, doou US$ 5 milhões, cerca de R$ 27 milhões, para o comitê de posse de Donald Trump e de seu vice, J.D. Vance. O valor é superior ao doado por grandes empresas norte-americanas como Boeing, Uber e McDonald’s, que contribuíram com US$ 1 milhão cada.

Ainda em setembro, Joesley Batista foi recebido na Casa Branca para tratar diretamente com Trump da taxação de 50% sobre as exportações brasileiras de carne, medida anunciada em 9 de julho. Na ocasião, Trump enviou uma carta formal ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual afirmou que “o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal” era “uma vergonha internacional”.

A JBS, líder global no setor de proteína animal, opera atualmente nove unidades industriais nos Estados Unidos que representam aproximadamente metade de sua receita global, estimada em US$ 77 bilhões em 2024.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Governo Lula mantém por cinco anos o sigilo de documentos sobre a JBS nos EUA

Trump inicia viagem à Ásia, mas não confirma encontro com Lula

Governo Lula mantém por cinco anos o sigilo de documentos sobre a JBS nos EUA

Danilo Garcia vence o H Racing Experience e dá mais um passo rumo à Stock Car

Durante visita à Indonésia, Lula anuncia que será candidato à Presidência em 2026

Crise dos semicondutores faz montadoras alertarem o governo sobre possível paralisação