Número de usuários de cartão de crédito cresce 30,9% entre 2019 e 2022

29/05/2023 as 1:16 pm

Nos últimos três anos, o Brasil registrou um aumento expressivo no número de clientes que utilizam cartão de crédito. De acordo com dados do Banco Central, entre 2019 e 2022, houve um crescimento de 30,9% no total de usuários dessa forma de pagamento no país. Em junho de 2021, o número de clientes com saldo devedor relacionado ao cartão de crédito chegou a 84,7 milhões, enquanto em junho de 2019 esse número era de 64,7 milhões.

O saldo devedor se refere ao valor das compras realizadas pelos clientes, parceladas ou não, que ainda não foram pagas e estão sujeitas à cobrança de juros. Os dados divulgados pelo Banco Central revelam uma tendência ao uso de modalidades mais onerosas do cartão de crédito à medida que aumentam os vínculos, ou seja, o número de instituições emissoras de cartões em que o cliente possui saldo devedor.

Segundo o Banco Central, quando os clientes possuem dois ou mais vínculos, há um aumento na participação de modalidades de crédito sujeitas à cobrança de juros, como o crédito rotativo, além do aumento do percentual do limite utilizado. Dos clientes analisados, 54% possuíam saldo devedor em apenas uma instituição, 25% em duas instituições e 20% em três ou mais instituições.

A entrada de novas instituições no mercado nos últimos anos, principalmente no segmento de cartões pós-pagos, tem sido um dos principais fatores para o aumento no número de usuários de cartão de crédito. Instituições de pagamento e bancos digitais conseguiram atrair 27,6 milhões de novos usuários no período analisado.

Apesar da expansão do mercado de cartões de crédito ser vista como positiva do ponto de vista da inclusão financeira, especialistas alertam para o aumento do nível de endividamento das famílias. Quando os clientes não pagam o valor total da fatura do cartão, o valor não pago se torna uma modalidade de empréstimo conhecida como crédito rotativo do cartão de crédito, que possui altas taxas de inadimplência e custo.

Outro dado preocupante revelado pelo Banco Central é o percentual de uso do crédito rotativo e do crédito rotativo não migrado, que varia entre 17% e 20% independentemente do número de vínculos dos usuários. Além disso, a migração do crédito rotativo para outras modalidades de crédito é baixa, ficando abaixo de 5%.

O estudo também apontou que, à medida que os usuários adicionam novos vínculos, o percentual de utilização do limite de crédito diminui. Isso sugere que o uso de cartões adicionais permite uma margem maior para gastos, além de elevar os percentuais médios de consumo do limite. As instituições financeiras digitais foram as que registraram o maior crescimento no saldo devedor de seus clientes, com aumento de 292,3%, embora os grandes bancos públicos ainda concentrem a maior fatia do saldo devedor, com R$ 57,7 milhões.

Diante desses dados, é importante que os consumidores estejam conscientes dos riscos envolvidos no uso do cartão de crédito e tomem medidas para evitar o endividamento excessivo. É recomendável que sejam feitos planejamentos financeiros, priorizando o pagamento integral da fatura e evitando o pagamento mínimo ou o uso do crédito rotativo, que podem resultar em altos custos adicionais.

Foto: Divulgação

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