PF faz operação em sindicato ligado ao irmão de Lula durante investigação de fraudes no INSS

09/10/2025 as 6:10 pm

A Polícia Federal cumpriu, nesta quinta-feira (9), mandados de busca e apreensão na sede do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), em São Paulo. A ação faz parte da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes em descontos indevidos em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O objetivo da diligência, segundo a corporação, é aprofundar as apurações sobre a possível atuação de organizações criminosas no sistema previdenciário.

No momento da operação, os agentes federais entraram na sala de trabalho de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e atual vice-presidente do sindicato. A Polícia Federal afirmou que ele não é alvo da investigação. De acordo com informações divulgadas pela Folha de S.Paulo, os policiais recolheram documentos e equipamentos no local, mas não mexeram em seus pertences.

Em declaração ao portal UOL, Frei Chico disse ter sido informado sobre a ação por jornalistas e afirmou: “Sem comentários, se a polícia quiser vir aqui investigar, pode vir”. Na mesma entrevista, classificou a operação como “absurda” e completou: “Não tenho nada o que comentar”.

Além da sede do Sindnapi, os agentes também estiveram na casa do presidente da entidade, Milton Baptista de Souza Filho, e nas residências de outros dirigentes sindicais. A defesa do sindicato disse ter recebido a operação “com surpresa” e declarou que irá comprovar “a lisura e a legalidade da atuação” da entidade.

A operação foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), e cumpre um total de 66 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Amazonas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia e no Distrito Federal. A investigação tem como foco os crimes de inserção de dados falsos em sistemas públicos, formação de organização criminosa e ocultação patrimonial.

Durante entrevista, o porta-voz do Sindnapi, Marco Piva, afirmou que o sindicato “está muito tranquilo em relação a esse processo” e ressaltou os “25 anos de serviços prestados a aposentados e pensionistas”. Já o presidente da entidade, Milton Baptista, estava convocado para prestar depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura fraudes no INSS, mas obteve habeas corpus do ministro do STF Flávio Dino para não ser preso e ter o direito de permanecer em silêncio.

O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que Frei Chico só será investigado caso surjam indícios de envolvimento. Segundo ele, as apurações estão avançadas e novas fases da operação devem ocorrer.

Embora o Sindnapi esteja entre as entidades investigadas, ele não integra o grupo das 12 instituições consideradas pela Advocacia-Geral da União (AGU) como o “núcleo do esquema”. Na Justiça, a AGU pede o bloqueio de R$ 2,5 bilhões em bens relacionados ao caso.

Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o número de associados do sindicato saltou de 237,7 mil em 2021 para 366,2 mil em 2023. Em fevereiro deste ano, a entidade foi responsável por mais de 207 mil descontos realizados em benefícios do INSS.

As investigações, iniciadas em abril, já identificaram nomes considerados centrais no esquema, como Antônio Carlos Camilo, conhecido como “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti. Ambos negam qualquer envolvimento com as irregularidades.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

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