8 mil animais silvestres resgatados de redes de tráfico na América do Sul

09/09/2023 as 1:14 pm

A cada semestre, a Wildlife Conservation Society (WCS) divulga um relatório regional abordando os avanços e desafios no combate ao comércio e tráfico ilegal de vida silvestre. O estudo, que compila informações provenientes de veículos de comunicação e redes sociais, abrange a Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e estados do Acre e Amazonas no Brasil, e revela um cenário preocupante de apreensões e implicações legais.

Entre janeiro e junho de 2023, as autoridades dos países mencionados registraram a apreensão de 237 espécies, abrangendo mamíferos (40,51%), aves (39,24%), répteis (14,77%), anfíbios (1,27%), e peixes, bem como outras espécies não identificadas (4,22%). Um dado alarmante é que 8.037 desses espécimes eram seres vivos, destinados a variados fins, desde o mercado de animais de estimação até coleções particulares e até mesmo o consumo humano.

Espécies em Risco

Dentre as espécies frequentemente apreendidas, destacam-se a jiboia (Boa constrictor), o jacaré-do-pantanal (Caiman yacare), a arara-canindé (Ara ararauna) e o macaco-prego (Sapajus apella). Estas espécies, listadas no Apêndice II da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Silvestres em Perigo de Extinção (CITES), estão em risco de extinção caso o comércio internacional não seja rigorosamente controlado. Adicionalmente, chama a atenção a presença frequente da preguiça-bentinho (Bradypus variegatus), que não está listada na CITES.

Apreensões por País

Na Colômbia, em fevereiro, uma operação conjunta envolvendo a Procuradoria Geral da República, Polícia Nacional, Exército Nacional e a Corporação Regional Autônoma de Valle del Cauca resultou no resgate de mais de 100 macacos-da-noite (Aotus sp.) de um laboratório no departamento de Valle del Cauca, onde eram supostamente usados em pesquisas sobre malária.

No Equador, em maio, uma operação liderada pela Procuradoria Geral do Estado resultou na apreensão de duas onças-pintadas (Panthera onca) e 21 aves em quatro províncias costeiras. Cinco pessoas foram presas sob acusações de lavagem de dinheiro.

No Peru, durante maio, o Serviço Nacional de Silvicultura e Vida Silvestre (SERFOR) confiscou mais de 180 partes de animais silvestres e sete tatus taxidermizados em operações realizadas nas cidades de Puno e Juliaca, na Feira Alasitas.

Na Bolívia, também em maio, a Polícia de Preservação Florestal e Ambiental (POFOMA) confiscou 20 partes ou derivados de onças-pintadas (Panthera onca), como bolsas, bonés, peles, cintos e chapéus no departamento de Beni, resultando na prisão de duas pessoas.

No Brasil, também em maio, a Polícia Ambiental do estado do Amazonas confiscou mais de 780 kg de carne de caça de espécies como paca (Cuniculus paca), queixada (Tayassu pecari), veado (Cervidae), anta (Tapirus terrestris) e mutum (Crax sp.), levando à prisão de duas pessoas.

Casos Judiciais e Condenações

No que diz respeito aos processos judiciais envolvendo o comércio ilegal de vida silvestre, destacam-se oito casos em fase de acusação na Colômbia, Equador e Peru. Entre esses casos, três resultaram em condenações, com a pena mais elevada sendo de três anos e 10 meses de prisão, além de uma multa de 223 dólares, no Peru. No total, 12 suspeitos foram processados no período de janeiro a junho de 2023 nos países mencionados.

Desafios Permanentes

Apesar dos esforços consideráveis das autoridades de controle, estes números demonstram a persistência do comércio ilegal de vida silvestre na região. É importante ressaltar que esses dados provavelmente representam apenas uma parcela do que ocorre na realidade, dada a dificuldade de identificação desse tipo de crime.

O comércio ilegal de vida silvestre não apenas ameaça a sobrevivência das espécies envolvidas, mas também coloca em risco a saúde pública devido à possível disseminação de doenças. Além disso, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) destaca que esses crimes estão relacionados a redes criminosas envolvidas em atividades como tráfico de drogas, seres humanos, armas, lavagem de dinheiro e corrupção, afetando a segurança tanto individual quanto nacional.

Diante desse cenário, a comunidade é encorajada a se engajar na proteção da fauna silvestre, preservando seu habitat natural e apoiando iniciativas de conservação. O relatório completo está disponível em um infográfico acessível no link: Link para o Infográfico.

Foto: Freepik

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