Ex-presidente Sarney diz que ato de 8 de janeiro não foi tentativa de golpe

18/05/2025 as 4:39 pm

O ex-presidente José Sarney (MDB) declarou que não considera os atos de 8 de janeiro de 2023 uma tentativa de golpe de Estado. A afirmação foi feita em entrevista à revista Veja, publicada neste fim de semana, na qual o político maranhense também defendeu que o Judiciário evite aplicar punições que agravem a superlotação dos presídios brasileiros.

Durante a conversa com a jornalista Isabela Alonso Panho, Sarney afirmou enxergar um “excesso de judicialização da política e de politização da Justiça” na condução das investigações sobre os episódios ocorridos em Brasília, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. “Não [foi uma tentativa de golpe]”, respondeu ao ser questionado diretamente sobre o episódio.

O ex-presidente também comentou as penas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aos envolvidos nos ataques. Segundo ele, o sistema prisional brasileiro não promove a reintegração dos detentos e funciona como uma “escola do crime”. “O Supremo deve ter em mente que, enquanto nós tivermos o sistema penitenciário que temos, ele será uma escola de crime em vez de ser um lugar de recuperação, para que os presos possam desfrutar uma vida futura recuperados. Isso tudo não funciona. Enquanto for assim, as penas devem ser punições que não afetem a lotação penitenciária. Nós temos que abandonar os processos políticos e ver as coisas factualmente”, afirmou, defendendo medidas alternativas às penas privativas de liberdade.

Ao ser questionado sobre o julgamento de figuras como o ex-presidente Jair Bolsonaro e generais de quatro estrelas acusados de envolvimento na suposta articulação golpista, Sarney disse não conhecer os processos e evitou comentar casos específicos. “Se tiverem culpados, que eles sejam punidos; se tiverem inocentes, que eles sejam absolvidos”, declarou.

A entrevista é publicada em um momento em que o Supremo Tribunal Federal julga dezenas de acusados pelos atos do dia 8 de janeiro de 2023, com penas que podem chegar a 17 anos de prisão.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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