Ainda pouco conhecido, mas com impactos profundos na vida de milhares de mulheres, o lipedema é uma condição que merece atenção. Trata-se de uma doença crônica, inflamatória e de provável origem autoimune, caracterizada pelo acúmulo anormal e simétrico de gordura, principalmente nas pernas, quadris e braços. E o mais importante: não adianta apenas “fechar a boca” ou intensificar os treinos. O lipedema não responde como sobrepeso comum ou celulite — e é justamente aí que mora a frustração de muitas mulheres.
Oficialmente reconhecido como doença em 2021, o lipedema apresenta padrões bem definidos, mas ainda passa despercebido por muitos profissionais de saúde. É comum que a paciente seja rotulada como obesa ou sedentária, quando, na verdade, enfrenta uma condição que exige atenção e cuidado específicos. A genética tem papel determinante. Se há histórico familiar de mulheres com dores persistentes nas pernas, hematomas frequentes e gordura de difícil redução, vale a pena investigar.
Momentos de mudanças hormonais, como puberdade, gravidez ou menopausa, tendem a agravar os sintomas. Por isso, é essencial abordar o tema com sensibilidade e atenção ao corpo feminino. Não é frescura sentir dor ao toque. Tampouco é normal o corpo não responder a dietas e exercícios como se espera.
Nesse contexto, a prática de atividade física adequada faz toda a diferença. Caminhadas, musculação com foco em fortalecimento, além de exercícios de baixo impacto — como pedaladas, hidroginástica e pilates — são aliados importantes no controle da dor, na melhora da circulação e na redução da inflamação. Mas atenção: o treino precisa ser individualizado. Protocolos genéricos ou atividades excessivas em momentos de dor podem agravar o quadro. Cada estágio do lipedema exige uma abordagem respeitosa, estratégica e segura. Como profissional de educação física, vejo meu papel como o de acolher, adaptar e oferecer um plano viável para cada mulher.
É fundamental também contar com o suporte de uma equipe multidisciplinar. Médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos, trabalhando em conjunto, fazem uma diferença real. O lipedema não tem cura, mas pode ser controlado — e quanto mais cedo o diagnóstico, maior a chance de manter a qualidade de vida.
Se você sente dores constantes nas pernas, inchaço persistente, hematomas frequentes ou percebe que seu corpo não responde como deveria a treinos e dietas, escute seu corpo. Pode ser lipedema. E você não está sozinha. Falar sobre isso é essencial. É tratar com seriedade, acolher e compartilhar informação com quem precisa.
E lembre-se: diante de qualquer dúvida, procure um profissional qualificado. A orientação correta pode transformar sua saúde e bem-estar. No próximo sábado, volto com mais dicas para quem busca cuidar da saúde com consciência e autonomia. Até lá!
Rogério Carvalho é Educador Físico e Personal Trainer.E-mail: rogerio_cagin@hotmail.com Instagram: rogeriocarvalho.personal
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