Nos últimos dias estamos acompanhando uma alta do Dólar, e muitos economistas estão creditando esse fenômeno à vitória, maiúscula, do Presidente Trump, o que pode, sim, ser um fator importante, porém temos que entender que muito mais que a eleição dos republicanos o mercado entendeu que o cenário estará favorável a saída da crise que o país enfrenta hoje. O Dólar, moeda forte e confiável, sempre faz a sua parte, se valorizando quase que imediatamente ao se aproximar de boas expectativas.
A valorização da moeda americana se dá pela confiança que o mercado credita a política econômica que será praticada pelo novo governo, com a retomada do crescimento os EUA partem para vencer crises, internas, oriundas de uma instabilidade política, causada pela fragilidade do atual governo Democrata de Biden, bem como os conflitos e guerras, externas, como a da Rússia com a Ucrânia, a crise energética na Europa e a desaceleração do crescimento da economia global. O nome do Presidente eleito é muito forte entre os investidores para conseguir mediar os conflitos externos que implicam diretamente na economia do país o que por consequência melhoraria a circulação da moeda interna espantando o fantasma da crise global no mercado interno aliando ao aumento das taxas de juros pela Reserva Federal (Fed) o novo governo pode atrair investimentos para os Estados Unidos, valorizando o dólar e pressionando outras moedas, inclusive o Real, que vem sofrendo com a desconfiança do mercado.
Nesse contexto, a moeda brasileira vem lidando com a pressão causada por vários fatores, alcançando recordes históricos de alta, a instabilidade política, mudanças frequentes no governo e incerteza anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou teria uma série de reuniões com o presidente Lula, mas afirmou não haver previsão para divulgação do novo pacote fiscal com corte de despesas públicas. A fala gerou reação muito negativa no mercado financeiro e o dólar respondeu tendo mais uma alta quebrando mais uma vez o recorde de alta desde 2020, ano da pandemia. Aliado a esses desacertos temos ainda no mercado nacional a alta inflação no Brasil o que está levando à perda do poder de compra da moeda nacional e pressionar o Banco Central a elevar os juros, o que pode atrair capital estrangeiro, mas em contrapartida prejudicar a atividade econômica, resumindo, o governo brasileiro não pode se permitir a hesitação ou o desacerto e deve o mais rápido possível implementar uma política econômica coerente com o novo cenário, afastando a economia do viés ideológico partidário e trabalhando em prol da retomada do crescimento.
Precisamos urgente controlar as contas públicas, o elevado nível de endividamento, gera preocupações, aos investidores, sobre a capacidade do governo em honrar seus compromissos e isso inflaciona os juros, tornando a economia menos competitiva. Acrescendo a equação a corrupção e a falta de transparência nas instituições brasileiras afasta ainda mais os investidores internos manchando ainda mais imagem do país no exterior mantendo as grandes empresas multinacionais e seus dólares longe. Lembrando que o investidor em momentos de incerteza global, tendem a buscar ativos considerados mais seguros, como o dólar. Isso aumenta a demanda pela moeda norte-americana e pressiona as demais moedas para baixo, fenômeno que como disse foi dilatado com a vitória dos republicanos.
O que fazer para reverter o quadro de desvalorização do Real e fortalecer a economia brasileira? Longe de mim querer avocar para mim o problema, mas, em nossa ótica é necessário adotar medidas que restaurem a confiança dos investidores, afinal a moeda vale o quanto ela inspira de confiança, já passamos do tempo do lastro em metal.
Penso que há degraus básicos que com vontade política e com competência técnica poderíamos construir para subirmos desse buraco que nos encontramos. Reformas como a da Previdência e a Tributaria devem ser feitas, desburocratizando o máximo possível para que a economia privada cresça; é fundamental controlar os gastos públicos e reduzir o endividamento do governo para garantir a sustentabilidade das contas públicas, esse degrau é inegociável; o combate à corrupção é essencial para restaurar a confiança dos investidores melhorando a imagem do Brasil no exterior; a abertura da economia, criar condições, para o comércio internacional a competitividade das empresas brasileiras será aguçada pela concorrência, gerando novos empregos, o que também ajuda a girar a economia do país.
Dito isto, o que lamento é que a política econômica do governo brasileiro, tem andado muito na contramão do que estamos vivendo na ótica global, o que faz parecer é que estão tratando “doenças” novas com velhos remédios, que além de não funcionarem ainda causam outros danos a economia. Precisamos de um governo menos ideológico e mais técnico para não retrocedermos ainda mais no cenário mundial. Que Deus possa, também, salvar o Brasil. Até a próxima semana!
Diogo Augusto , o turco, marido, pai, empreendedor, colecionador, pensador, curioso.
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