Febre oropouche se espalha pelo país e já causa mortes fora da Amazônia

28/07/2025 as 8:24 am

A febre oropouche, anteriormente limitada à Região Amazônica, tem avançado por diversas partes do Brasil e já foi confirmada em 18 estados e no Distrito Federal apenas em 2025, conforme dados divulgados nesta semana pelo Ministério da Saúde. No total, já são 11.805 casos registrados neste ano, com cinco mortes confirmadas, sendo quatro no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo. Outras duas seguem em investigação. O surto ganhou força nos primeiros meses do ano e mobiliza autoridades sanitárias, que buscam compreender as causas da disseminação e definir estratégias de contenção.

O Espírito Santo, a cerca de três mil quilômetros da Amazônia, lidera em número de infecções, com 6.318 notificações, superando inclusive os estados tradicionalmente mais afetados pelo vírus. O crescimento dos casos tem ocorrido de forma contínua, e, em quase todas as semanas de 2025, o volume de registros supera o mesmo período do ano anterior. A previsão do Ministério da Saúde é que o total de infecções ultrapasse os 13.856 casos registrados em 2024, marca que já se aproxima da atual.

A febre oropouche é causada por um vírus transmitido pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. O vetor está presente em todas as regiões do país, mas se prolifera com mais facilidade em locais úmidos e com matéria orgânica abundante, como florestas e plantações, especialmente lavouras de banana. Os surtos têm ocorrido com mais intensidade em zonas periurbanas, onde há transição entre áreas de mata, regiões rurais e comunidades habitadas. Apenas as fêmeas do mosquito são capazes de transmitir o vírus, que também pode circular entre animais silvestres.

Os sintomas são semelhantes aos de outras arboviroses, como dengue e chikungunya, incluindo febre, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações. A doença também pode causar complicações durante a gestação, como microcefalia, malformações fetais e até a morte do feto, de forma parecida com o vírus da zika. Por essa razão, o Ministério da Saúde recomenda que gestantes em regiões com casos confirmados redobrem os cuidados contra picadas de mosquito. Embora a transmissão sexual não tenha sido comprovada, a orientação é que pessoas com sintomas façam uso de preservativos como medida preventiva.

Um estudo recente conduzido por pesquisadores de seis países da América do Sul, incluindo o Brasil, apontou que as mudanças climáticas foram determinantes para a propagação do vírus. De acordo com a pesquisa, variações na temperatura e no regime de chuvas explicam cerca de 60% da expansão da doença, o que indica que fenômenos como o El Niño tiveram papel relevante no aumento dos casos desde 2023.

Foto: Fiocruz/Divulgação

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