Inflação sobe 0,48% em setembro e se afasta da meta do Banco Central

09/10/2025 as 5:54 pm

A inflação oficial no Brasil voltou a subir em setembro, após registrar queda no mês anterior. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou alta de 0,48% no mês, conforme divulgado nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento foi impulsionado principalmente pela elevação no custo da energia elétrica, apesar da continuidade da queda dos preços dos alimentos. O resultado é o mais alto desde março deste ano, quando o índice havia avançado 0,56%.

Com o novo dado, a inflação acumulada em 12 meses passou a ser de 5,17%, acima dos 5,13% registrados até agosto. O número se afasta do centro da meta de inflação definida pelo Banco Central, que é de 3,0%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Mesmo com a aceleração, o índice ficou abaixo das expectativas do mercado, que previa avanço de 0,52% no mês e de 5,22% no acumulado de 12 meses, segundo pesquisa da agência Reuters.

O principal fator responsável pela alta foi o aumento de 10,31% nas tarifas de energia elétrica. A elevação ocorreu com o fim do Bônus de Itaipu, benefício que concede descontos anuais aos consumidores com base no saldo de comercialização da usina hidrelétrica, além da aplicação da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que acrescenta R$ 7,87 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Com isso, o grupo Habitação teve a maior variação mensal, subindo 2,97% após ter recuado 0,90% em agosto, sendo este o maior aumento desde fevereiro deste ano.

Os dados mostram também que o grupo Transportes apresentou variação praticamente estável, com alta de 0,01%. Os combustíveis contribuíram com elevação de preços, registrando aumento de 0,87%, puxado principalmente pelo etanol (2,25%), gasolina (0,75%) e óleo diesel (0,38%). A queda no preço do gás veicular, de 1,24%, e a redução de 2,83% nas passagens aéreas ajudaram a conter uma alta maior no setor.

Em contrapartida, os preços de alimentos e bebidas seguiram em queda pelo quarto mês consecutivo. Em setembro, o grupo registrou retração de 0,26%, com a alimentação no domicílio apresentando recuo de 0,41%. A diminuição foi puxada por produtos como tomate (-11,52%), cebola (-10,16%), alho (-8,70%), batata-inglesa (-8,55%) e arroz (-2,14%), reflexo do aumento da oferta no mercado. Segundo o IBGE, essa tendência de queda nos alimentos consumidos em casa também se reflete na alimentação fora do lar.

A inflação dos serviços desacelerou, subindo 0,13% em setembro, após alta de 0,39% no mês anterior. Mesmo assim, em 12 meses, o grupo acumula avanço de 6,14%, influenciado pela recuperação do mercado de trabalho e pelo aumento da renda das famílias. O índice de difusão, que mede o percentual de itens com aumento de preços, caiu de 57% em agosto para 52% em setembro, o que sinaliza uma redução na disseminação das pressões inflacionárias.

Diante desse cenário, o Banco Central optou por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária. Segundo a ata do encontro, o país entra em uma nova etapa da política monetária, que prevê a manutenção prolongada da Selic para garantir a convergência da inflação à meta. A estimativa mais recente do Boletim Focus, divulgado pelo próprio BC, aponta que o IPCA deve encerrar 2025 com alta de 4,80%.

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

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