PF desmonta esquema de apostas ilegais com atuação no Amazonas e outros quatro estados

16/12/2025 as 3:43 pm

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (16), a Operação Opções Binárias, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que atuava na gestão de plataformas de apostas e opções binárias irregulares. A ação foi realizada simultaneamente em cinco estados brasileiros, incluindo o Amazonas, e busca combater crimes financeiros como lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e estelionato digital. O grupo criminoso teria movimentado, de forma ilícita, mais de R$ 50 milhões nos últimos dois anos.

Durante a operação, estão sendo cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais localizados em São Fidélis (RJ), Rio de Janeiro (Barra da Tijuca e Recreio), Goiânia (GO), Manaus (AM), Campos dos Goytacazes (RJ), Santana do Parnaíba (SP) e Barra do Bugres (MT). Quatro dos investigados também foram alvo de medidas cautelares diversas da prisão, incluindo a proibição de atuar em plataformas de investimentos e apostas, o recolhimento domiciliar no período noturno e nos fins de semana, além do uso de tornozeleira eletrônica. O bloqueio de contas bancárias, aplicações financeiras e o sequestro de veículos também foram determinados pela Justiça.

As investigações tiveram início após a Polícia Federal identificar sinais de enriquecimento ilícito por parte de influenciadores digitais residentes em São Fidélis, no interior do Rio de Janeiro. A partir disso, as autoridades descobriram um esquema complexo que envolvia empresários, influenciadores e contatos internacionais, especialmente com cidadãos chineses. O grupo operava por meio de três frentes distintas: a manipulação de plataformas de opções binárias, a contratação de influenciadores para atrair apostadores e a criação de uma plataforma própria que bloqueava contas e impedia saques sempre que os usuários obtinham ganhos.

De acordo com a apuração da Polícia Federal, os serviços de manipulação oferecidos por chineses eram revendidos no Brasil com a promessa de lucros altos e rápidos. Em paralelo, influenciadores digitais promoviam essas plataformas nas redes sociais, com cláusulas contratuais que garantiam lucros proporcionais às perdas dos apostadores. Já a plataforma própria desenvolvida por parte do grupo era utilizada para atrair clientes diretamente, mas empregava artifícios ilegais para impedir saques quando os usuários obtinham sucesso nas operações.

Um dos investigados, sozinho, movimentou mais de R$ 28,3 milhões em um período de dois anos, sem qualquer lastro financeiro que justificasse os valores recebidos. A Polícia Federal também identificou que parte dos integrantes do esquema já possuía envolvimento com casas de apostas on-line sem regulamentação, antes mesmo da criação das plataformas de opções binárias.

As opções binárias funcionam como um tipo de aposta na variação de ativos, como moedas ou criptomoedas, sem que o investidor adquira o bem. Trata-se de uma operação de alto risco, frequentemente comparada a jogos de azar. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) não regula essa atividade, o que significa que os participantes dessas plataformas não contam com qualquer tipo de proteção legal em caso de prejuízo ou fraude.

Os suspeitos poderão responder por crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e estelionato digital, com penas que podem ultrapassar 20 anos de prisão.

Foto: Arquivo/PF

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