Após compra pela Âmbar, distribuidoras de energia do Norte apontam riscos contratuais

08/12/2025 as 4:28 pm

A Amazonas Energia e a Roraima Energia enviaram cartas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nos últimos dias alertando sobre riscos operacionais e contratuais envolvendo a Brasil Biofuels (BBF), após a empresa entrar com pedido de recuperação judicial. As duas distribuidoras, que operam no Norte do país e foram recentemente adquiridas pela Âmbar Energia, do grupo J&F, demonstraram preocupação com a continuidade do fornecimento de energia em áreas atendidas pela BBF. A informação é do site MegaWhat.

No Amazonas, a distribuidora solicitou à Aneel o acompanhamento econômico-financeiro da BBF, citando riscos à estabilidade do fornecimento no Sistema Isolado, especialmente em usinas como Envira, Ipixuna e Belém do Solimões. Relatórios técnicos apontam que essas unidades operam abaixo da demanda contratual e sem reserva técnica, o que pode comprometer o atendimento em caso de falhas. Em novembro, por exemplo, uma indisponibilidade prolongada em Envira exigiu um alívio emergencial de carga.

Ainda segundo a distribuidora, o funcionamento de algumas usinas com número reduzido de geradores tem gerado sobrecarga nos equipamentos em operação, acelerando o desgaste das máquinas e aumentando a probabilidade de falhas encadeadas, o que pode resultar em interrupções totais do fornecimento.

A empresa reforçou a necessidade de a Aneel adotar medidas urgentes para fiscalizar a situação operacional e financeira das usinas do grupo BBF no estado, com o objetivo de resguardar o interesse público e a segurança energética da região.

Além dos problemas técnicos, a Amazonas Energia também relatou ter recebido denúncias sobre atrasos no pagamento de salários e benefícios a funcionários da BBF. Em resposta à distribuidora, a empresa negou irregularidades, mas não apresentou os documentos solicitados, alegando sigilo funcional e empresarial. A BBF argumenta que eventuais débitos estão suspensos judicialmente em razão da recuperação judicial.

Em Roraima, a distribuidora local questionou a Aneel após a agência aplicar uma multa de R$ 27,2 bilhões à BBF por descumprimento do cronograma de implantação da usina híbrida Forte de São Joaquim (HFSJ), em Boa Vista. A autarquia também revogou a autorização da usina, e a BBF tem até o dia 8 de dezembro para apresentar sua manifestação.

A Roraima Energia ainda lembrou que, em 2021, a BBF deixou de efetuar o pagamento de penalidade aplicada pela Aneel. Na ocasião, mesmo diante da inadimplência, a agência aplicou um redutor tarifário de mais de R$ 13 milhões, valor que, segundo a distribuidora, não foi repassado à empresa. Diante disso, a concessionária afirma que será necessário recorrer à Justiça para reaver os valores.

As preocupações surgem em meio a um cenário de instabilidade da BBF que, além do pedido de recuperação judicial, também solicitou o cancelamento de seu registro como emissora de valores mobiliários junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A Aneel, por sua vez, já cancelou dez outorgas de termelétricas da empresa.

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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