Alfredo Filho

Quando a Selic sobe, o mercado de seminovos sente na pele

REDAÇÃO

23/05/2025 as 8:36 am

Selic a 14,75%. Só de ler isso, já dá até um aperto no bolso, né? E não é pra menos. É o maior patamar da taxa básica de juros do Brasil em quase 20 anos. Pro mercado financeiro, é só uma jogada técnica. Mas, pra quem tá ali na ponta, especialmente quem sonha em sair de um carro usado e pegar um seminovo, é um balde de água fria.

No mundo real (fora das planilhas do Banco Central), juros altos significam parcelas que não cabem no orçamento. E quem mais sofre com isso são os compradores de usados e seminovos, geralmente gente que não tem aquele perfil de crédito que os bancos querem. O resultado? Taxas de financiamento lá no alto e o carro dos sonhos vira só isso mesmo, um sonho.

Enquanto as montadoras de carros novos ainda respiram com promoções, bônus e incentivos, o setor de usados tá cada vez mais espremido. Vender tá mais difícil, as margens estão encolhendo e o efeito dominó começa: lojista revê estoque, cliente recebe menos na troca e o mercado, no geral, perde ritmo.

E olha a ironia. Mesmo com os preços dos zero-km nas alturas (hoje em dia, nem carro automático se encontra por menos de R$ 100 mil), as vendas continuam subindo no Brasil. Foram 3,4% só no primeiro quadrimestre de 2025. E no Amazonas, pasme, cresceram 20,9% no mesmo período. Por quê? Porque quem compra carro novo geralmente tem crédito fácil, com juros mais baixos e ainda conta com o empurrãozinho das montadoras. Já no usado, é cada um por si e a financeira por todas.

Esse cenário exige criatividade das lojas, ousadia dos anunciantes e sensibilidade das marcas. E mais do que nunca, exige atenção redobrada do consumidor. Hoje, financiar um carro usado pode ser um risco que sai mais caro do que parece e nem sempre compensa o que se leva pra casa.

No fim das contas, a alta da Selic é só mais um lembrete. O mercado automotivo brasileiro é sensível à economia como o volante a um buraco no meio da pista. De um lado, os juros tentam segurar a inflação. Do outro, freiam o sonho de muita gente.

Semana que vem tô de volta com mais uma análise sem freio sobre o mundo dos carros. Porque entender esse mercado é tipo dirigir com farol alto no meio da neblina. Até lá!

Alfredo Filho – Consultor de marketing automotivo, apaixonado por carros. Nos últimos dez anos de sua carreira profissional, participou do desenvolvimento de campanhas de comunicação e marketing.

Foto: istock

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